Greve de cinco dias no <i>Grupo Portucel</i>
A administração do Grupo Portucel, em Setúbal, recusa negociar as justas reivindicações dos trabalhadores, sem que primeiro seja aceite a redução ou eliminação de importantes direitos. Correspondendo à decisão tomada em plenário, no dia 10 de Maio, o SITE Sul, da Fiequimetal/CGTP-IN, em estreita colaboração com a Comissão de Trabalhadores, e perante a posição mantida pela administração na última reunião, dia 17, declarou cinco dias de greve, com início às zero horas de amanhã. A paralisação prolonga-se até às 24 horas de dia 29, terça-feira, e abrange a Portucel, a Headbox, a EMA 21, a ATF e a Arboser.
O sindicato considera incompreensível que, com lucros de mais de 173,4 milhões de euros, obtidos «à custa do esforço dos trabalhadores», a empresa proponha apenas um por cento para actualização dos salários. Num comunicado de dia 18, o SITE Sul acusa a administração de ter declarado guerra aos trabalhadores, por pretender que, antes de qualquer negociação, estes aceitassem reduzir três dias de férias, eliminar o descanso semanal obrigatório ao sábado (diminuindo a correspondente retribuição), diminuir o valor do trabalho nocturno e do trabalho suplementar, eliminar o descanso compensatório e o «prémio de chamada», entre outros direitos e mantendo outras intenções graves que a empresa já declarou.
Ao responder às propostas patronais, o sindicato deu acordo integral a 39 cláusulas e parcial a outras 29, admitindo aceitar outras, se de tal depender um acordo em apenas três pontos. Defende, por outro lado, o conteúdo do Acordo de Empresa actual, tanto para 13 cláusulas que a Portucel quer eliminar, como para 23 que quer modificar – todas relativas a direitos dos trabalhadores.
O sindicato não abdica de acabar com a discriminação e passar a aplicar o AE a todos os trabalhadores das empresas do grupo.
Europac Embalagem
A revisão do AE da Europac Embalagem ficou concluída na semana passada, contemplando a actualização dos salários em 2,5 por cento, para quem aufere até 700 euros (patamar onde estão 10 por cento do pessoal); em dois por cento, para quem recebe de 700 a mil euros (35 por cento dos trabalhadores); e em 1,5 por cento, para quem ganha mais de mil euros (onde se situa a remuneração-base de 55 por cento dos funcionários) – revelou o SITE Norte.
Os novos valores têm efeito retroactivo a Janeiro deste ano, tal como as diuturnidades e o subsídio de turno, actualizados em 1,5 por cento.
A antiga Portucel Embalagem ocupa 345 pessoas, distribuídas quase por igual pelas três fábricas, em Guilhabreu (Vila do Conde), Marrazes (Leiria) e Albarraque (Sintra).
Na nota que divulgou dia 16, o sindicato considera que o resultado «ficou aquém do que seria desejável», numa negociação que se iniciou em Fevereiro, com uma proposta patronal de zero por cento.